Continuando com o post sobre origens, hoje vamos entender e conhecer a minha banda preferida: Korn. Se você ainda não leu o texto onde eu contextualizo um pouco do que tinha na época, clique aqui e veja. Sim, é importante saber por motivos de referências! E se você já leu, bora lá fazer uma viagem até 1994?!
Como disse anteriormente, o Metal andava bem mal das pernas. E com exceção do Pantera e Sepultura que conseguiram fazer um reboliço no começo da década, o que predominava dentro do gênero eram bandas bem genéricas. Especialmente quando se falava sobre Thrash Metal, a coisa estava bem saturada. Nomes consagrados como Metallica e Iron Maiden são exemplos de como andava a situação. Quem incorporava elementos de Metal e estava em alta era o Grunge. Ele trouxe uma dinâmica diferente pras músicas. Letras mais profundas e pessoais, distorções nas guitarras e uma estética totalmente fora daquele estereótipo 'roqueiro cabeludo 666 du mal'. Isso é importante porque era algo totalmente fora do que existia no gênero. Muita gente reduz e exemplifica o New Metal simplesmente como uma mistura de Rap com Rock. E aí você se lembra na hora da parceria do Aerosmith com o Run DMC, mas também tem uma outra banda muito mais pesada que se aventurou pelo mundo Hip-Hop. Sim, o Anthrax pode ter sido um dos responsáveis por começar a estabelecer um terreno pro que viria a acontecer anos mais tarde. Principalmente na música "Bring the Noise" em parceria com o Public Enemy.
Lá pelos idos de 1991, um produtor musical despertava para o mercado. Ross Robinson começou sua carreira no meio trabalhando com os caras do Fear Factory, um dos maiores expoentes do Metal Industrial. Ross produziu as primeiras demos da banda, mas os integrantes não estavam contentes com a produção e optaram por demiti-lo. Depois de algumas tretas judiciais, Ross mostrou essas gravações pra uma certa banda de Bakersfield, California. Após trabalharem em algumas músicas e o Korn fazer uma turnê com o Biohazard e House of Pain, os caras começaram a gravar o primeiro disco em maio de 94.
Korn - Self Titled
Sejamos sinceros, que banda de Metal iniciaria um álbum de estreia com uma introdução de 50 segundos? E essa era uma das grandes sacadas da produção de Ross! Trazer uma cadência e dinâmica, alternando entre o groove da bateria com o baixo e a explosão de riffs pesados com vocais agressivos, de uma maneira que nem mesmo o Grunge havia feito até então. Isso abriu espaço para que as letras de Jonathan Davis tivessem um apelo emocional ainda maior. Temas como bullying, abuso infantil e de drogas ajudavam ainda mais a trazer esse feeling. A pegada funk/rap da bateria, o baixo que mais soava como um instrumento de percussão e guitarras de sete cordas com afinações extremamente baixas produzindo sons aparentemente "sem sentido" no lugar de samples/sintetizadores (manja o Tom Morello imitando um DJ com a guitarra? A proposta é semelhante, porém muito desses sons nos remetem a música industrial) definitivamente não era algo que se ouvia todo dia. Sem contar que era um monte de cara com dread usando calças largas parecendo um negão de um subúrbio do Bronx. E é exatamente por isso que uma galera diz que "New Metal não é Metal"!
O Korn trouxe uma proposta de música diferente. Riffs pouco complexos, pesados e com timbres únicos, porém com o contorno emocional vindo em primeiro lugar. E entenda, não é porque uma coisa é simples que ela é preguiçosa como muito metalhead fala por aí. Todos esses "sons esquisitos" de guitarras feitos pelo Head e Munky foram pensados de uma maneira que se encaixasse nessa proposta e nos fizesse sentir determinado tipo de emoção. Quando se entra a distorção, quando uma guitarra faz o riff principal e a outra não aparece tanto, quando ambas servem para dar ambiência a música, quando fica apenas baixo e batera, etc. Coisas que soam de formas simples, mas totalmente bem estruturada e tocadas na hora certa. Ahh, e você tem todas essas informações jogadas na sua cara logo na primeira faixa! Imagina como foi ouvir isso na época?! Neguinho deve ter explodido a cabeça na mesma hora!
As minhas músicas preferidas desse primeiro disco e que acho que merecem ser ouvidas com mais atenção são: 'Blind', 'Ball Tongue', 'Clown', 'Shoots and Ladders' e a pesadaça 'Daddy' (ela tem até um canto gregoriano no início). Quer muita gente queira ou não, depois desse álbum o Metal nunca mais foi o mesmo. Mas isso fica pra outro dia, até a próxima!