Um dos grandes pecados que cometi na vida foi ter chegado atrasado naquele Monsters of Rock de 2013 no Brasil. A única atração do dia que perdi foi justamente a do Gojira. Não consigo afirmar que o som deles é algo totalmente original (acredito que deva ter alguma banda similar), mas os franceses sabem ser extremamente autênticos, a ponto de você escutar um trecho de alguma música deles e saber que aquilo é do Gojira.
O primeiro destaque de Magma é a ideia de fazer um CD rápido, curto e com poucas canções longas. Esse conceito é algo que funciona e muito! É como se elevasse o fator repeat do disco em cinco vezes, pois é fácil de ouvir a parada de cabo a rabo. Isso é muito bem aplicado em 'The Cell', por exemplo. Curta, direta e impactante. Obviamente, não é somente nisso que o trabalho se sustenta.
O tom profundo e denso do álbum com certeza deve ter sido influenciado pela morte da mãe de Joe e Mario Duplantier durante a sua produção. Isso fica claro já na faixa de abertura, 'The Shooting Star', onde a música é muito pesada e melancólica, diria até que chega a ter um clima meio fúnebre, tamanha a carga de emoção que ela passa. O lado mais prog da banda também se faz presente, especialmente na faixa título. 'Magma' nos remete a algo mais psicodélico através dos efeitos da guitarra e do reverb no vocal suave de Joe.
E por falar em guitarras, é outro ponto que merece bastante destaque. Eu simplesmente pirei (ou melhor, ainda estou pirando!) com os riffs e distorções das guitars! São extremamente agressivos e têm um encaixe perfeito no contorno emocional do álbum, não soando deslocado ou fora de contexto em nenhum momento. Particularmente, destaco o finalzinho de 'Pray' e 'Only Pain' (essa última ainda possui uma linha de baixo espetacular).
Enfim, o sexto álbum do Gojira é denso, dinâmico e pesado tanto tecnicamente quanto emocionalmente falando. Sabendo muito bem explorar esse tom profundo sem cair na chatice e que, apesar de conter apenas dez músicas, te leva a escutá-lo inúmeras vezes quase que sem pular nenhuma faixa, tudo isso sem perder a identidade da banda. Resumindo, mais um discaço de 2016!